Não estou bem certo
Admiro muito quem tem certezas
Mas desconfio delas na mesma medida
Aceito-as como convenção
Como pacto social
Como condição fundamental
Absorvi-as ao tempo em que as perdia
No equilíbrio desequilibrado das confianças e de suas quebras
Do índice das incidências
Do real, das estatísticas e suas conseqüências
Do custo-benefício das minhas carências
Certezas do certo, certezas do errado
De que existem mesmo
Porque, ao sentir na pele, se faz palpável
Certezas de mim, certezas dos outros
De que as interações estampam nos rostos
Salvo as exceções,
Admiro sim as certezas alheias
Parecem quase sempre mais firmes que as minhas
Mais para convicções ante as minhas opiniões
Mais para concentração frente as minhas abstrações