Lacunas
Basta! Com esses meus demasiados sentidos
Ouvidos que não ouvem, bálsamo que não se tem
Olhos, que não se encontram, só se encantam
Sem flores, perfumes, caminham ... Sem se ater
Se meus olhos não podem mais contemplar
Os fecharei, reservando ao sonho todo seu bailar
Se meus versos não sabem mais cantar
Vou calá-los de primaveras, por entre dias afins
Onde buscar versos, se todo contexto
Apontam sempre para o mesmo fim
Nesse buscar e não ver
Ter e não saber ousar
Saber que existe
E não tomar parte
Em que será que se resume o amar?
Na brisa que sopra e ainda assim não apaga o luar?
Ou no poeta, já sem rimas, que perdeu seu versar?
Nas luzes amareladas, lampejo soturno sobre a cidade?
Ou na poesia da menina que poetisa
Mas, que lacônica se desprendeu
Da sua identidade?
*** imagens google***