AUTOVIVÊNCIA

Onde está o Teu coração? Olha para o céu, e pergunta-te a ti mesmo.

Tens vida e ti? Pensa, olha, escuta, chora, grita. Viver é assim. Viver é sentir... é morrer...não vejo nada.

Só ouço a voz... Aquela voz, tão doce, tão terna, tão... Eterna!

Se você pudesse ouvir também... Pára agora!

Não fica com medo... Que medo? Medo de quê? Daquele antigo olhar?

De seus próprios sentimentos? Medo de você mesmo? O medo não existe, quando se tem medo.

O existir não teme, enquanto houver existência!

Ainda escuto a mesma voz. Falas o quê?

Queria tanto entender... Você não entende.

Se te culpas por viver, não vive a própria natureza.

Natureza humana. Você conheceu a sabedoria?

Viu seu discurso? Comeu e bebeu de seus banquetes?

Miserável insano! Vomita aquilo que ainda não comeu!

Expele o que não adentrou em ti: o sonho de não poder sonhar!

Mas você pode! Pode beijar o amor, mas não pode ser beijado.

Seu beijo fede... Fede ao maldito perfume de teus pensamentos... Onde está o teu coração? Olha para a terra, e pergunta a quem vem atrás de ti.

Grita, chora, escuta, olha. Você não dorme há meses! Seu sono dorme você.

Mete a mão no peito, e arranca o coração.

Dá ele para seus vermes. Não chora o pranto do desencanto interno... Externo?

Fora daqui!... Sai de dentro de ti mesmo... Sorri pra seus pais, beija-os... Eles querem te dizer.

Diz que não sabem do que te falam... Não, não morre!

Traveste-se de ti mesmo, se veste da tua alma... Calma... O que é sentir dor?

Não derrama tuas lágrimas neste chão que cospes!

Derradeiro olhar por cima de teus sentidos... não importa.

Defeca a tua dor, vai! Tenta sair de dentro dessa carne podre!

Pobre de ti, deixaram tua chaga supurar... grita às tuas vísceras...

Pensamentos? São vãs filosofias!

Sofrimentos? Dor, Ainda que tardia?

Um pedaço de pão não mata a tua fome.

Chega de lamúrias, chega de sedução,

Chega de injúrias, então... pede perdão!

Teu púrpura sangue sangra... inconsciente!

Deixa para trás o que não podes esconder?

Onde, então está o teu coração? Bebe teu próprio fel... é doce.

Ainda escuto aquela voz... aquela voz... não tem voz.

Onde anda o teu amanhã? O teu amanhã foi ontem!

Agora entendes? Agora sabes? Agora escarneces?

Não importa... o nada é o vazio que resta.

O resto é o vazio? Que nada!

Ainda não chegou a hora primeira? A tua hora primeira?

Desconsola a tua tristeza. Lágrimas. Mandrágoras.

Agora vive o prelúdio de teu fim?

Não importa... o nada é o vazio que resta.