Calma...
Calma
E lentamente
Vou me adentrando
Nas entranhas da noite
Um gato salta do muro
Um cachorro late
Outro responde
No beco ouço gemidos
Não paro
Nem olho para trás
Deslizo meus pés
Pelas pedras lisas
Chego ao boteco
Sem fazer alarde
Peço um rabo de galo
Pago e saio
Junto ao poste paro
Olho o resultado
Confiro, nada ganhei
Está chegando o busão
Ele para eu subo
Atravesso a catraca
Sento no último banco
Depois de meia hora
Chego em paz
Graças a Deus
Hoje é dia
De Cosme e Damião
Preciso acender
Uma vela e fazer
Uma oração
Por mais um dia
Por estar vivo
Na quebrada
Do monturo
Onde bala perdida
Não me acerta
Onde vivo
E sou feliz
Como posso
Amém...
ABittar
poetadosgrilos