Dedos gélidos

Os gélidos dedos da noite

Tocam minha pele pura,

Destilam o pensar vazio

Detém a vida que passa.

Por ruas sujas caminho

Sem saber qual é o vetor,

Amiúde se vai o destino

Por entre labiríntico torpor.

A luz me cega os olhos,

Que vagam no deserto

Fitam amigos ilusórios

De meu mundo irrequieto.

Quem é esse que me olha,

Que reprova minhas ações,

Que se esconde no negrume,

Se desviando desse lume

Por fastias sensações?

Reconheço esses olhos,

Esse corpo em pleno açoite,

O pensar que se perdeu,

Este a me julgar sou eu.

Tocado pelos dedos da noite.

Rio de Janeiro, 20 de Junho de 2010.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 21/06/2010
Código do texto: T2332624
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