Doce Caverna
Na escuridão da caverna de pedra
Vem Platão a mente, o que quer dizer?
O frio congela suas juntas,
É preciso se mover
Seminu, ninguém pode te ouvir,
Psiu, ouça o barulho que retorna os anseios
Exale seu suor,
Não pare de tateá-los
Vire de costas!
Sua voz é apenas um sussurro
E a perna que encosta não é a tua
O murro dirigido a outra face arde
Faz arder teu lado mais puro
O que está havendo, não é capaz de se reconhecer?
O que está havendo, nem tudo que brilha é ouro bruto,
Novamente uma voz,
Recordações me fazem lembrar que ela já foi tudo um dia
Tristeza não é oração
Diga ao padre que...
Tristeza não é uma oração
Diga a Cristo que...
O fogo não é uma opção
Diga...
Ouço o som da britadeira
À distância já consigo sentir o cheiro de seu perfume
Isso faz pássaros sobrevoarem minha cabeça
A poeira esconde o fundo
A caverna tomou toda cidade
A vida de um rato é apenas um reduto
Diga...
Diga ao rabino que...
Pobreza não é uma oração
Diga a Javé que...
Mil terras são minha salvação
Quero uma benção como a de Davi,
Ou um templo como o de Salomão
Aqui nessa terra
Vou conquistar e abrir um bordel feito das mentiras
Que construi lendo tudo que devorei
Na mesa do Duque com quem sempre discuti
“Sereis tu da rançosa burguesia?”
Seis horas, preciso me ajoelhar
Virar a Meca
Diga...
Diga ao Imã que...
Escravidão não é uma oração
Diga a Alá que...
Se tiver sete virgens meu sacrifício não será em vão
Meus rabiscos são como os desenhos de crianças
Já estou internado há tempo demais
Quero poder bater em alguém!
Alguém me de uma injeção
Que cale meu coração...
Que cale esse cara ao meu lado
Faça-o calar!
Por favor, digam que sei o que sinto
Imploro por sua aceitação
Digam-me que sou normal
Que eu ou ele, não posso ser igual!
Pois assim posso voltar a idolatrar
Aquela imagem que desenhei na entrada
Salve, salve minha caverna
Salvem-me dessa escuridão
Dêem-me um interruptor
Para poder salvar aquela farsa
Preciso de mãos no ar e gritos!
Aleluia!Aleluia!Aleluia!