PARADOXO TÓXICO

Eu sobrevivo...
Ao relento
Ao vento
Ao menos.

Durmo na praça...
Sem cobertor
Sem cama
Sem chama.

Eu piso....
Na lama humana
Em reentrâncias da ânsia
Em instâncias da ganância.

Eu ando descalço
Eu não tenho sapatos
Eu não sinto os pés
Mas doem os calos
Entre estalos de decepção.

Eu tenho fome...
De fragmentos de pão
De digna existência
De olhar de irmão.

Eu tenho sede...
De água pura e doce
De ser feliz
De ser visto
De ser valorizado
De ser respeitado
De ter de fato algo.

Eu não quero mais ver
Ceifado a foice os meus melhores anos.

Eu não quero mais ter
De levar todo tipo de coice
No alcoice dos sentimentos
Tão isentos de densidade.

Eu não quero mais viver
Entre tantos açoites
Seja dia seja noite.

Eu quero apenas viver
E se possível não sofrer.
Eu quero...


Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 10/06/2010
Reeditado em 10/06/2010
Código do texto: T2312230
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.