Silenciosas sombras
Vieste, por silenciosas sombras;
Falar-me-ia, de coisa tão penosa
Que é alimentar tal dúvida!
Marralhando, somente a mim
De outrora perigosa.
Despeça outrem por fim
Penosamente e fugaz
Tal dúvida se distancia enfim.
Perde-se e esconde desejos
Que a muito me povoam
Trazendo-me desassossegos.
Qual pudico delírio eu tive!
Ver-te como santa virgem!
Mas, denota-me agora a certeza
De que por tal dúvida
o amor se faz declive
E perigosamente comprime
D’antes aquela beleza.
Rio de janeiro, 20 de outubro de 2009.