Mensuro

*Mensuro

Finalizo o nó da gravata

querendo que fosse a que contrasta

com a camisa amarela de Maiakovski.

finalizo o nó da gravata porque é noite.

no dia ando nu.

de dia não me visto.

as delgadas sombras

os chapéus pendurados

e o balanço do lustre

não me desatentam.

fedendo, não tomo banho.

com sono, não durmo.

Companhia,

qualquer delas,

me é necessária

mas fujo como presa.

debaixo do teto,

só há pessoas.

debaixo do céu,

só há pessoas.

debaixo da cama

só há pessoas.

Ao som da luz

me reconheço como surdo

que vê na escuridão.

Não obstante os galhos, há sol.

Não obstante o recreio, há tédio.

é com sede que como.

na conversa que tenho comigo

não me entendo.

na conversa que tenho com os outros

não me entendo

na conversa que não tenho

compreendo.

Todavia, toda via é rumo.

Foucault não escreveu sobre minhas celas. Não nego-as. Há névoa. Concerto do meu canto. Um pranto chorou, e não o meu. Matemático, me conto. Nas brechas dos meus poros, há a imensidão do universo.

Bugarim