O pessimista
Só havia um caminho para ele,
noite após noite,
seu cigarro aceso.
E cambalevam os dias...
Todos sabiam de cor:
"veja bem, sou pessimista!"
Alheio a tudo,
sempre escolhia tempestades.
Como num dia de guerra,
sentava em um banco na praça.
Todos sabiam de cor
"Só existe dor, e por isso estou vivo!"
Eterno vigia do tempo que passa,
no bolso um jornal de anos atrás.
Seu olhar de mistério absoluto.
Um grito, um choro, um gemido...
Naquelas mãos cinzas,
unhas negras, dedos encardidos.
Todos sabiam de cor:
"Procuro diamantes perdidos no lixo!"
Noite após noite,
só havia um caminho para ele.
Na calçada de um bar,
atrás da igreja.
Um grito, um choro, um gemido...
No maior silêncio,
uma gargalhada sombria...
E aquelas palavras... todo mundo sabia:
"Veja bem, sou pessimista!"