Devaneios sobre o Medo
Falar do medo para quem nasceu com ele é parecido ao dizer a um palhaço temer os risos.
A intensidade dos medos que adquirimos
Mundo em colapso
Engole e sufoca
A garganta trancada é apenas um soluço...
Enquanto as palavras são analisadas obsessivamente
Choro por não sentir mais nada
Sabe o que é o nada?
Quando uma dosagem imensa de sentimentos intensos é exterminada e então o que seria pior?
Cair novamente no mesmo abismo ou não deixar-se despencar mais uma vez?
Falar do medo da perda para quem viu o amor partir
Permitindo o abandono por sua felicidade e isso não é por ser demasiadamente justa ou santa
Apenas é mais honrado não amarrar alguém por vaidade
Vá embora, mas deixa uma fresta na cortina para eu o observar caminhando
Medo de perdas, desvios, escuridão, aranhas, aviões
Não sentir “nada” é viver com um vazio
Neste vazio sobrevive a loucura em viver
Suportando cada dia
Revivendo o abandono mil vezes
Falar do medo?
Ousar dizer que sinto medo...
Aguça meus instintos de defesa
Voltar para o nada
Insensível
Incoerente
Invisível
O amando loucamente, mas sinto muito...
Eu não tenho medo de perder.
Foi perdendo que sobrevivi e foi pelo medo que valorizei viver
Então avisa o palhaço para que ele não subestime os risos.