Devaneios sobre o Medo

Falar do medo para quem nasceu com ele é parecido ao dizer a um palhaço temer os risos.

A intensidade dos medos que adquirimos

Mundo em colapso

Engole e sufoca

A garganta trancada é apenas um soluço...

Enquanto as palavras são analisadas obsessivamente

Choro por não sentir mais nada

Sabe o que é o nada?

Quando uma dosagem imensa de sentimentos intensos é exterminada e então o que seria pior?

Cair novamente no mesmo abismo ou não deixar-se despencar mais uma vez?

Falar do medo da perda para quem viu o amor partir

Permitindo o abandono por sua felicidade e isso não é por ser demasiadamente justa ou santa

Apenas é mais honrado não amarrar alguém por vaidade

Vá embora, mas deixa uma fresta na cortina para eu o observar caminhando

Medo de perdas, desvios, escuridão, aranhas, aviões

Não sentir “nada” é viver com um vazio

Neste vazio sobrevive a loucura em viver

Suportando cada dia

Revivendo o abandono mil vezes

Falar do medo?

Ousar dizer que sinto medo...

Aguça meus instintos de defesa

Voltar para o nada

Insensível

Incoerente

Invisível

O amando loucamente, mas sinto muito...

Eu não tenho medo de perder.

Foi perdendo que sobrevivi e foi pelo medo que valorizei viver

Então avisa o palhaço para que ele não subestime os risos.

LuFairlane
Enviado por LuFairlane em 05/06/2010
Código do texto: T2300679
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