Sonho Vivo
Os olhos me cegaram a alma!
Busco a luz. Bato-me, rebato-me e debato-me.
Encontro o meu ser exíguo, melancólico
atônito, vil, podre, pobre e só.
Chego ao fim, começo a morrer.
Os sonhos que outrora moviam meu ser
voaram para longe, pertencem a outrem.
Meus devaneios são ilusões.
Meu eu bateu em retirada.
Fugiu de mim mesmo minha mente.
O espírito, doente, já não tem mais
forças para carregar o cansado corpo.
Até a tranqüilidade que tinha, foi-se.
O que desejo hoje já não mais existe.
Perdeu-se em Atenas o mundo ideal
Resta-me apenas a caverna do meu ser.
Minhas epifanias não passam de sombras.
As correntes se quebraram,
mas permaneço preso.
Tomei hoje a pílula azul
Enxergo apenas
as paredes de meu egoísmo.
Ilhéus/BA, 03 de junho de 2010.