SONETOS
SONETOS
Quando nasci em meio a esta humanidade
Minha mãe já concedeu o peito, para o deleite
Pachorrento ainda a sugar o néctar, leite
Das entranhas não me compreendia, mas não é maldade.
Os anos foram achegando, vinte e um anos, tenho tido
Presumo aqui cosido, silente com os pensares meu
Ser ditoso, que possa compreender, ate meus o eu
A mente mordaz queira, dou por morte, fardo.
E que digas lamurias, rascunhada desta vida humana
Não se pode passar por néscio, nem te tomar por potestade
O mundo, sei, é cruel, tirano, cheio de almas desumana
As pestes andejas, valdevinas da orfandade
Farabuto para estes, vermes doentios, anátema, pequena
Não se deixe passar por mau, nem te doar a maldade.
Mas quando o ser parecer sobre o leito
Comprazeroso não tenhais por vintém, flores que a dêem
Sereis urdidor do próprio destino, grados sobreçaem
Tenho que ser somente mais um, nem que seja esquecido, agora dito.
Qual funeral, que sejais simples, que tenha porém, harmonia e brio
No auteiro a mãe natureza, aclame te preces, tuas velem
Meus aretinos quero agora queixuma-los em toda ordem
Este vaivém de palavras, sem complexo, nexo, não merencório.
Enquanto traçam, em fitas vestes, cavas a minha cova
Sete palmos de profundidade, solo fértil, tais bravura
Que terra encobre tal corpo, todo meu, és minha rainha.
Ergueste ao lado cetro, uma lapide, tal desventura
Que deram por epitáfio, ab-initio, poeta, vida humana tinha
Comeu, bebeu, filigino foi, sem ter cobardia, homem de ventura
Heronildo Vicente
01/05/2000
Ilha Solteira, São Paulo