Mausoléu.

Entre...

nao tenha receio, a porta entreaberta deste mausoléu

é um convite sutil aos que nao tem medo;

Pode entrar, nao há por aqui vagando almas presas

entre a terra e o céu,

venha conhecer as frias inscrições, sem pressa,

nao tema perturbar o silencio dos que aqui jazem

e quem sabe? uma visita?

sabe, a solidão pode ser muito maior para os que ainda vivem.

Venha ler as lápides, in memorium,

dos que há muito talvez esquecidos

que um dia amaram ou foram amados.

Venha, nao receie o sono dos que a morte embala,

a todos ela ceifa, um por um,

so nao sabemos nós quando seremos preteridos.

Na úmida escuridão jaz o rico, o pobre...no ventre do sono

sem sonhos , nenhuma voz, brado ou som, tudo se cala

sopra apenas ondulante a brisa , ciciante

serpenteando sobre as letras impressas na laje pétrea.

Quem foram aqueles cujos ossários aqui repousam?

Podem responder somente as tumbas frias,

seus nomes, datas, nada mais restaram,

ficou deles alguma lembrança etérea?

Entre...

nao tema o silencioso mausoléu...

para mim e para ti é tão somente

um monumento a morte, a uma recordação do ausente;

nao há almas vagando entre a terra e o céu.