Coisa da idade, superficalidade moderna.
Ja me disseram que viver é ser feliz;
Coisa da idade, superficalidade moderna.
Ser tão só feliz, e nada mais.
Mas é assim, corrido o corriqueiro,
vivendo arduamente tal desespero, que pouco tenho da paz.
Já me disseram que escrever é normal.
Vejo, portanto, que é questão de quem se engana.
Do amor, nada assim tão bilateral.
Que a inquietude, por sí só, nada ama.
Já me disseram do horror, o teu talento;
outrora é vulgo que te chamem e te espante.
Nem que o dráculo do terror seja assim tão violento,
teu coração não é surreal para que seja desenho esvoaçante.
Coisa da idade, superficalidade moderna.
Já me ensinaram o rancor, a dor, o calor,
terminados léxicos em "or" que em pauta se matricule.
Foi portanto o dogma e a idéia, o fato
e a vivência, daquilo, que hoje se presume.
Já me disseram que o hiato é norma
e o jeito, mero clero gramatital;
hoje não tem forma, vive intensamente a vida banal.
Alexandre Garcia de Negreiros Bonilha