No palco da vida

Riu-se com os cabelos que tinha na boca

Penteou os dentes com a escova dos fatos

Depilou as unhas com bandas de verniz

A cortiça dos sapatos era apenas uma cunha

Há gente assim, do nome só a alcunha

O ouvido cego viu a própria sombra

O estrabismo juntou-lhe os joelhos

Há gente assim, pior que escaravelhos

Engoliu em seco a maçã de Adão

Chorou de dor o torcicolo da alma

Fantasiou a morte no palco da vida

Os pés vestiu-os com teias de aranha

Ele há gente assim, deveras estranha

Fana
Enviado por Fana em 09/04/2010
Código do texto: T2187330
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