O oposto de Ivan Cezar

Na escura noite da insônia

Despontou a oculta face

Refugiada por trás do rosto

De um outro Ivan Cezar

Num escuro cheio de agonia

Platão emprestou seu disfarce

E na caverna a idéia a trapacear

O Ivan Cezar que é seu oposto

O crítico destilando cruel ironia

Sem dar ao verso livre passe

Recomendou que só a advogar

O senhor Ivan Cezar se limitasse

O poeta tomado de (tímido) desgosto

Pediu a Nieztche para determinar

A seu Zaratustra que martelasse

Qualquer regência d´amarga sinfonia

Ivan Cezar do sono foi desperto

Viu seu ser em perfeita sintonia

Com Heidegger a lhe determinar

Que ficasse aí na hora do enlace

O advogado poeta foi na filosofia

Buscar as bases de seu cantar

Na Utopia achou quem o vingasse

Viu a loucura ser elogiada de perto

Em Pessoa soube montar a idolatria

De uma pedra em seu nada invulgar

E com Drummond viu como nasce

Um poema extraído do limbo aberto

Ivan Cezar não só soube advogar

Pôde até ser poeta da menor via

Mas nem se Descartes duvidasse

Seus versos revelariam o oposto

Ivan Cezar confirmou sua ideologia

O advogado demandou seu poetar

No antagonismo que tem por base

Um ser oculto no retrato do incerto