Teus olhos de sabão em pó

Os teus olhos me perseguem

E a rosa namora a primavera.

Enroscado em teus braços

Não me acho quadrado sem teu assobio,

Sombrio quarto sem teus quadros,

Sem teu quadril.

Volta para mim

Com sua porta sem toc-toc,

Asa de minha ausência,

Mata minha sede

Como poço no sertão.

Como posso viver sem ti

Assim...

Teus beijos de alambique

Encrespam meus cabelos

Porque sou pentelho e magro

Triste palha assada

Se como sua falta

Em minhas vampirescas

Buscas pelos teus olhos

Que me perseguem

E me acham

E me cegam

E me lascam (o peito)

Em noites frescas.

Cama forrada

Erva-doce no travesseiro

Musica para o vespeiro

Ao som de alhos e bugalhos

Olhos vendados...

Me seqüestre!

E empreste minhas partes

Nos cortejos das artes...

Nas telas de minha parede

Um perseguido capturado.

Em cima,

De baixo,

Do lado,

Você.

Odun Ará

odun ará
Enviado por odun ará em 02/04/2010
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