Queremos belo

E se da árida, da seca lua só nos restasse a verdade:

Pedras, areia cinza e radiação

Frio congelante e tórrido torrão

Sem fantasias, sem ilusão

Se das estrelas, a crueza das imensidões inexpugnáveis

Das grandezas inumeráveis,

De brilhos tardios viajando em vão

Se da natureza víssemos a luta

A competição, as perseguições por comida,

A trama dos seres com as armas mais sórdidas

Pela sobrevivência urdida

Cruamente, pela vida.

Como presas que somos da estupefação

Como presos que estamos nesta dimensão

À mercê dos limites dos nossos sentidos

Enxergamos planos nossos horizontes

Engendramos como lidar com a heresia

Oficializamos nossas fantasias

Tornamos mistério o que não compreendemos

Se possível belo o que percebemos

E assim ludibriando nossa consciência

É que nos fechamos nessas nossas crenças

E por mais que sejamos nisto ritualistas

Vida e morte desdenham à nossa grossa vista