Sãos

Há vida sob as máscaras

Comprimida, disfarçada, descaracterizada...

Um mundo desconhecido, abafado, retraído...

Até ou principalmente de si

Há duas vidas sob as máscaras

Uma formada por elas

Talhada, forjada, esculpida, porta-voz

Burilada, bitolada, com seus nós

Outra nula, retorcida, infernizada

Que pulsa árvore invisível

Sob tantas capas opacas

Que nem se reconhece mais

Réplicas amorfas, zumbis

Falam uns com os outros

Mentem em massa

Criaram um mundo paralelo

Com trejeitos, maneiras, trapaças...

Escravizando o emocional

Com seus policiamentos mentais

E a cada evento do escravo fujão

Nova represália ataca à pesada mão

Ou adapta num escuro e reservado vão

Para que sirva de exemplo aos demais

Para que se curvem e que jamais se mostrem como são:

Sãos