ESSAS COISAS DA ALMA

Esse eu ensimesmando,
Divagando no poema,
Essa inquietude extrema,
Essa falta de amparo,
Essa incerteza de mim,
Esse preço pago – caro,
De viver entre o não e o sim,
Esse estranho ser,
Que me acompanha,
Me ensinando,
O que eu não sou,
Surpreendendo o tecer,
De um gesto de amor mais raro,
Essa vontade tamanha,
De correr, correr, correr...
Atingir o cume da montanha,
E me perder num pleno vôo,
Esse canto torto,
Esse mar sem porto,
Esse olhar roto,
Que o vento não levou,
Esse tumulto,
Esses “eus” que permuto,
Com a loucura que me tem,
Essa voz que escuto,
Mas, não sei de onde vem.
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Um gesto de amor,
É tudo o que mais preciso,
E eu o pago, embora caro,
Pois, com ele - fato raro,
Eu me disponho a subir,
Aquela montanha distante,
Que ao longe eu diviso,
Se perdendo no horizonte,
Anjo torto, mar revolto...
Sopra o vento e me carrega,
Basta somente um impulso,
E me torno dono da terra.
(HLuna)