Nau fantasma
Prefiro ser assombração
Dos amores que nem cheguei a ver
Das dores que gostaria de ter
Das feridas que provoquei em vão
Dos amores que desprezei no caminho
Restam ruínas de dores e prantos
Quero morrer de amor como se vive
Pra dizer que vivi inteira e nua
Me encosto nas varandas enluaradas
Das ondas crespas que se vão
Batem em pedras as coitadas
Sem se importar se voltam ou não
Sou imaginação dos pobres amantes
Que se entregam e se perdem nas noites
Sem eco, sem resposta, sem alento
Entrego-me sem medo ao vento
Que me possui salgando meu corpo
Para que eu possa parir a noite
Em que sozinha vou chorar de novo