"Logar"

Era tarde

E o dia

Chegava ao fim

A tarde começava a cair

Empurrada pela noite

Que apressada

Havia mandado a lua

Na sua frente

Mal chego na varanda

Aqueles dois olhos grandes

Brilhantes me olham

Era o gato siamês olhando

Sentado na cadeira

Olho e ele me olha

Fico absorto olhando

Seus olhos lindos e fosforecentes

Ele se cansa do meu olhar

E começa a se lamber

Entro em casa

A novela vai começar

Ainda bem

Perdi o jornal

Que só traz desgraça

Mas, na novela também

Não é muito diferente

Tem tanta gente

Matando gente

Tanta gente

Enganando gente

Imitando a vida real

Tal qual

A vida real

Passo pela sala

Vou até a cozinha

E o coleiro da gaiola

Canta de dobrar

Deve estar feliz

Por me ver

Ou canta porque

Acendi a luz

Sei lá por que ele canta

Só sei que canta

E é lindo seu cantar

Bebo água

Volto pra sala

Tento falar

E todos pedem silêncio

Volto para a varanda

E o gato nem me olha

Atravesso a rua

Vou até a "Lan House"

Logo-me

Que lindo

"Logo-me"

Do verbo "Logar"

Ficar ligado na internet

Não sei se já esxiste

Mas quando tantos falam

Logo existirá

ABittar

poetadosgrilos