NARCISO MODERNO
O espaço trincado no espelho
Entre a sã conciência desesperada
E a pancada por pancada de um relógio dúbio
Que marca a hora futura e a hora passada,
Esse espaço é que reflete a minha face.
Não construi um barco,não naveguei moinhos,
Nada fiz que me pusesse abissal,
O pouco que fiz foi libertar fantasmas
No espelho indefinido,espectral.
Esse espelho é o que reflete.
Conhecendo-me eu te conheço!
És feito eu,triste irmão...
Somos o mesmo caco,mesmo reflexo,
A mesma cegueira de antiga paixão.
Essa paixão.
Amo-te,síncope do meu vulto!
E te escarro,te agrido,te insulto.