Tácito pensar

A taça ainda está na minha mão

O gosto das lágrimas se confunde

Com gotas tintas do vinho fresco

No admirável instante só meu

É minha tristeza que me emociona

A capacidade de fazer do sofrimento alegria

Das horas solitárias verdadeiros encontros

Meus “eus” se debatem e se enfrentam

Num quase duelo entre sonho e realidade

O punhal está posto e exposto

A atitude a espera do veredicto

Pacientemente a nostalgia se vai

Diante da grandeza do momento seguinte

Meu masoquismo reinante se mostra

E canto minha tristeza em versos

Me basto, meu reino me apavora

Sombras de passados inexistentes

Rasgo convites provocantes

Prefiro minha concreta ilusão

Sou dona de meu próprio infortúnio

Grande diante de minha pobreza sonora

Pequena diante de vontades e desejos profanos

Vou com as ondas do meu mar azul

Ao desconhecido encontro assim vestida

No deserto de minha própria imaginação.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 25/02/2010
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