Tácito pensar
A taça ainda está na minha mão
O gosto das lágrimas se confunde
Com gotas tintas do vinho fresco
No admirável instante só meu
É minha tristeza que me emociona
A capacidade de fazer do sofrimento alegria
Das horas solitárias verdadeiros encontros
Meus “eus” se debatem e se enfrentam
Num quase duelo entre sonho e realidade
O punhal está posto e exposto
A atitude a espera do veredicto
Pacientemente a nostalgia se vai
Diante da grandeza do momento seguinte
Meu masoquismo reinante se mostra
E canto minha tristeza em versos
Me basto, meu reino me apavora
Sombras de passados inexistentes
Rasgo convites provocantes
Prefiro minha concreta ilusão
Sou dona de meu próprio infortúnio
Grande diante de minha pobreza sonora
Pequena diante de vontades e desejos profanos
Vou com as ondas do meu mar azul
Ao desconhecido encontro assim vestida
No deserto de minha própria imaginação.