Freudianas
Freudianas
Sensação de abandono.
Édipo mal abre os olhos
e apressa meus passos
para ouvir as súplicas,
neuroses de minha mãe.
Tenho esquizofrenia aguda.
Ouço nos cantos da sala,
a voz das almas perturbadas.
Nas paredes, versos de luz
cegam meus olhos.
Eros e Tanatos torcem meus braços,
erigem meus cabelos.
No criado-mudo, dedos deslizam,
barulham horas em agonia.
Onde encontrar remédios para salvar-me?
Amanhecer no Shopping Center
ou sair por aí, com a cara franciscana
cantando louvores às filhas de Maria
em votos de pobreza?
No espelho do quarto, leio recados
escritos com letras vermelhas:
Perigosas são as palavras.
Vagarosa, passa a tarde.
Entre ruas e parques,
Meus olhos procuram no chão
o número da sala do terapeuta.