Como tudo tem um final

Sempre fui desses que tentou criar motivos

Não sei se sabes, mas sempre tentei

E gritava só para sentir a sensação

Aprisionei-me em mim só para sentir o gosto

Cortei-me e membros do corpo tentei retirar

Só para não me sentir escravo de nada

Nem de sentimento e nem de partes de mim

E ria enquanto doía , pois sabia que não duraria

Está acabado? Não. Era o que ouvia

Não era o que ouvia

Nem sabia se podia ouvir com tanto sangue nos ouvidos

Respirar eu sabia, pois vivo ainda estava

E do gosto da boca nunca irei esquecer

Escorria hora grosso, hora fino

E nem sabia se tinha misturado

Misturado ao sangue do outro

Além do que corria de mim

Corria assim como corria a hora

E nem sei o que queria

Ninguém te diz para passar a hora errada na frente de alguém

Alguém que quer alguém para acompanhar a dor

Disse-me que era tudo o que queria.

Eu não ouvi.

Pediu piedade.

Eu não o vi.

Eu me perdi e nem percebi

Era tudo questão de esperar

Esse dia seria assim de uma forma ou de outra

Tira isso de mim, tira isso de mim

Não esqueço o seu olhar

Era o mesmo do meu

Era o mesmo que costumava fazer

E sem perceber

Tudo deve ter um final

Como toda canção termina com um ar de respeito

Como toda chuva termina e deixa tudo vergonhosamente úmido

Como toda partida termina com uns a sorrir e outros a chorar

Como toda a vida termina da maneira que eu desejo

Desejei neste dia

E houve quem dissesse que meu desejar foi insano

Tirando toda a sujeira não vi tantos problemas

Tudo era o mesmo

O som acabou.

Ele parou de gritar.

Não respira mais.

Não sorri.

Tudo tem um final.

E sei que junto dele tenho que partir

Só me lembrava

Tira isso de mim, tira isso de mim

Não posso mais

Ele se foi e eu vou atrás

Não sei se conseguirei alcançá-lo

Dizem que a penumbra é um labirinto

Não sei ao certo

A dor cessou.

Encontrei meu caminho mesmo que errado

A dor cessou.

Como tudo tem um final.

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 20/02/2010
Código do texto: T2097219