Chegou o carnaval

Pintam os sons

Bradam as cores

Represados noite e dia

Na barragem dos valores

Cômicas, surrealistas...

Patéticas, mentecaptas...

Arranjo oficial de um caos

Do qual quase não se escapa ileso

Conforme o desconforme peso

Que se põe na festa

Que se impõe de testa

Que se expõe nas brechas

Que se acumulou

Licença de quatro dias para viver

O que se negou no ano

Todos ao mesmo tempo

Sonhos num pé de vento

Tornado em fúria

Um preso solto

Tantas figuras

Espíritos loucos

Desmedida alegria sem razão

Síntese da ilusão

Forma pura de se admirar

O ser humano em sua forma livre

Em seu propósito firme de apenas ser