Fuga

Ouço-os marchando sem ordem ou destino,

Com a cabeça num travesseiro de sangue,

De olhos já fechados,

Posso vê-los além da esquina.

Acompanhando o ritmo em meu peito

Eles se aproximam a cada passo,

E a cada gotejar da chuva incessante

Aumenta meu sono.

Refletida em poças disformes,

A luz do poste treme ao pisar do batalhão,

E refletida em minha face,

A luz de minh’alma treme com suposições.

Inquietos e confusos,

Eles marcham dentro da noite,

Procuram, vasculham, perguntam e encontram,

Num brado clarão um suspiro de alívio,

Enfim pôde ser ouvido,

E nos braços da escuridão,

Agraciado pelo trovão,

Caio feliz em sono profundo,

Desfigurado e morto no chão.