o massacre dos copos e taças

chegaram pelas cinco da manhã

o porteiro sorriu ao ter

que prender a porta do elevador

trôpegos subiram,

quem sabe, de alegria ou de dor

na sala o som do funk

ainda pairava naquelas cabeças

hip hop, rap ou algo parecido

ajudavam a suspender o resto da poeira

mantida sobre alguns dos móveis

descobrem na geladeira

uma champanhe que se aquecia

a saideira se anuncia

surgem na mesa logo três taças

inexplicavelmente são três

e a aura de alguma desgraça

ou de tristeza talvez

o impele a arremessar

uma taça contra a parede oposta

e ela faz o mesmo

pretende atirar a esmo

mas o alvo é o quadrinho

da pequenina casa branca

à beira da estradinha de terra

com o verde da vegetação ao redor

nódoas amarronzadas em volta

do quadro após os arremessos

as taças se estilhaçando

os cacos de vidro ficando

por trás da estante que apóia

a base do telefone

Marcello com Suzanna na cabeça

Krystinna com a Ivonne

surgem copos de whiskey

que também são atirados

os vidros estilhaçados

provocam o barulho dos risos

apagam o barulho do som

Get up, get uppa, get uppa

Stay on the scene

Like a sex machine

Like a, like a, laika sex...

Laika...

Laika se movimentando como sempre

o rabinho prum lado e pro outro

mas dessa vez mais assustada que alegre

parece que adivinha, alguma coisa persegue

a chegada deles ao lar

sobre a mesa de jantar

o último copo é apanhado

depois eles desmaiam ou morrem

Marcello ali pelo chão

Krystinna sobre o sofá

e Laika talvez foi chorar

lá escondida no quarto

Get up, get uppa, get uppa

Stay on the scene...

os dois tinham trinta e cinco anos

trinta e cinco canos jorravam água sobre a mesa

a limpeza ficaria pro dia seguinte

e os cacos de vidro também...