AMOR NUNCA VIVIDO.
Tenho na alma um viver,
Que atravessa a fronteira de minha carne,
E isso me faz padecer,
Como se somente eu pudesse amar-me.
De um sonho que tive,
Não restam mais memórias,
Pois em minha alma somente vive,
A dor que me devora.
E as canções de outrora,
Cantadas com amor sublime,
De minha alma levou a aurora,
E essa mesma é que me extingue.
Ó amor nunca vivido,
Que a mim trás saudade,
Terás Deus de mim esquecido,
Por que então não me fizeste de verdade?
E tua pureza que minha alma inflama,
Cedeu-me com alegria seu coração,
Ó bela e pudica insana,
Entrego-lhe a minha alma em devoção.
Em meu canto de clamor,
Sublimo-lhe, e tu me profanas,
Cedo-lhe da alma todo o louvor,
Ó bela e pudica insana.
Vieste em meu sonho lindo,
Vieste como um anjo de aconchego,
Mas foste como um demônio sorrindo,
Levando todo o sonho e minha alma de mancebo.
Deixaste a dor em minha alma que por ti clama,
Como lembrança de ti em minha existência tardia,
Ó bela e pudica insana,
Leva-me a vida e devolva-me a alegria!