O Amor e o Louco
Eis que este sentimento desvirtuado
Que me corrói internamente
Como um animal selvagem encarcerado
Parece que vai me rasgar o peito à dente
Esta fera, que provou-se incontrolável
Tolhendo-me os sentidos e a razão
aninhou-se tão profundamente que é provável
Que há de me acompanhar até o caixão
Nenhum remédio, licor ou cirurgia
Pôde acalmá-lo um só momento
Não há amigo, mulher ou boemia
que faça calar o seu lamento
Eu vou enlouquecer, amigo Alfredo!
Nada me resta senão o suicídio
Eu sei, esta idéia geralmente causa medo
E nos é tão repulsiva quanto o homicídio
Mas, defrontarei este monstro num duelo
Um de nós há de morrer, e por certo
Que nesta morte não haverá nada de belo
Hás de me ver agonizar com o peito aberto