Cigarros, buteco e alheamento

No cinzeiro o deixo morrer,

Tanto faz, outro irei acender.

A cada hora que passa um se vai

Indo com ele uma hora a menos;

Meu amigo maço, de vinte vidas

Que apontam seus lentos venenos

Para mim, e mesmo assim

Os julgo pequenos.

São tantas vidas sem intensidade

É verdade, isso é bobagem!

Queimam sem obsessão por idade

Suportando-me em minha inquieta viagem.

Mas a todos que puderem ver,

Um cigarro aceso para esclarecer a,

Mais uma idéia desvairada desse ser,

Que apagou mais um amigo

Compreendendo ao não saber.

Se chegares na esquina,

Ao instante que a parada se aproxima

E uma carteira não haver,

Não será a nossa sina,

De entender a morte

Abrindo sua cortina,

Aguardando por temer.

Talvez na próxima esquina

Em um buteco da velha rotina

Chegando ao entardecer,

Vou preparar minha bebida

E à mais um amigo darei vida,

Como é certa e óbvia minha partida

Quando breve, amanhecer.

Dornelles
Enviado por Dornelles em 09/01/2010
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