Sentidos meus
Que importa se menti?
Pra saber se é verdadeiro meu “ser”
Nem sequer parei aqui
E já tive que nesse porto descer
Que importa se aqui estou?
Se nada disso tem valor estimado
Se nasci antes de ter amado
Conseguindo assim minha alforria
Nunca fui tão fugas
Efêmera criatura formada de ilusão
Se é triste meu coração?
A quem interessa saber?
Se nem a mim restou a dúvida
O que faço das certezas?
Pra que tanto concreto se existe a imaginação?
Não se perde com o sentir
Só com o tato a vida é negação
Meu cheiro espalhado
Já é denúncia de minha chegada
Não preciso de olhos para ver
Nem tão pouco de corpo para sentir
Porque todos querem um pedaço de alguma coisa?
Eu quero a essência, o sopro, o vento
Sem contorno, sem pedaço, sem caroço
Quero os sentidos meus.