SINOPSE DO TRANSBORDAMENTO
 
TANTO QUE  NÃO ME CABE
LUTA EM MEIO AOS CACOS
E CORTES E CAMPOS MINADOS
E SOMBRAS E RESTOS DE LUAS
E OUTRAS BARBÁRIES
E ESCOMBROS TANTOS
INCÔMODOS ALTARES
LUGARES IMPRÓPRIOS
INFORTÚNIOS E GAFES
TANTO QUE JÁ NÃO ME CABE...
 
TANTO QUE ME APAVORA
ROMPE SILÊNCIOS ANTIGOS
UNS RITOS DE SACRIFÍCIO
UNS BALUARTES DECADENTES
UNS INÚMEROS RESTOS DE PÓLVORA
QUE SÓ POR AGORA
OU PARA SEMPRE
FICAM INCENTIVANDO MEU TOPO
NUM CÍRCULO PALIATIVO
QUE SE FECHA QUANDO ME ACENDE
E ME ABRE NO QUE ME DEVORA...
 
QUASE JÁ NÃO ME CABE
ESSE IMPASSE POÉTICO
DE SANGRAR OU NÃO
A CARNE DO VERSO
QUE ATRAVESSO
EM PLENO DESERTO INFECTO...
 
QUASE JÁ NÃO ME CABE
E IRONICAMENTE SINTO FALTA
QUANDO ELA NÃO ME ARDE
EM MEIO AO CAOS E ABSURDO...
 
DONZELA CHEIA DE DEDOS
MÁXIMA FEMINILIDADE DOS MEDOS
INCÓGNITA ALQUIMISTA DOS SEGREDOS...
 
QUASE JÁ NÃO ME CABE
... A ARTE!!!


Interação belíssima da querida poeta Cássia da Rovare:

"Não me cabe a lógica nem ética da poesia, não cabe nenhuma simetria.
Transborda-me a taça e as tintas, nos lagos putrefatos da memória, escória dos sentidos.
Não me cabe a insignia nem a fama, posto que tudo me inflama, e qualquer traço de santidade, eu como e profano.
Não, não me cabe o inóspito pensar amanhã, sou eu o hoje estratosférico destas sombras arredias, que roubam-me da morte vivendo eu de poesia."
Cássia da Rovare

Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 06/01/2010
Reeditado em 28/04/2010
Código do texto: T2014467
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.