crueldade e enigma

O acaso não existe

O silêncio é pausa encantada da razão.

O mistério é tempero da aprendizagem.

A gratidão é a única coisa

que nos redime do fato de sermos

medíocres.

Apenas medíocres, apesar de tudo.

O acaso não existe.

Foi revogado totalmente.

O nascimento que comemoramos hoje

Reverbera em sinos, em taças e em fogos

As explosões não espalham tudo que queríamos

E, nem a esperança nos dá tudo que precisamos

Precisamos de pão e de paz

Precisamos alimentar o corpo e a alma...

Em bálsamos e nutrientes

E, não se engane.

Pois o acaso não existe.

A fome, a cegueira e a paralisia se cumprimentam

cerimoniosamente.

Brinca a brisa com os desvãos do tempo.

Devaneios atônitos buscam trucidar

Com calma toda a violência cotidiana.

Esmago uma pequena formiga

E dói no peito a ausência de oxigênio,

De afeto, de lágrimas.

Definitivamente desaprendi a chorar,

Agora só me restam as palavras.

Ocas palavras recheadas de símbolos e mitos.

Vestimos símbolos, corrompemos mitos...

E, o minotauro descobre que o labirinto tem fim.

A esfinge busca um cirurgião plástico e se finalmente

se humaniza.

Abandona de vez se lado fera,

E não desafia mais os homens.

Agora travestida de humanidade

Recupera a dose diária de crueldade e enigma.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/12/2009
Reeditado em 21/02/2010
Código do texto: T1997220
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