crueldade e enigma
O acaso não existe
O silêncio é pausa encantada da razão.
O mistério é tempero da aprendizagem.
A gratidão é a única coisa
que nos redime do fato de sermos
medíocres.
Apenas medíocres, apesar de tudo.
O acaso não existe.
Foi revogado totalmente.
O nascimento que comemoramos hoje
Reverbera em sinos, em taças e em fogos
As explosões não espalham tudo que queríamos
E, nem a esperança nos dá tudo que precisamos
Precisamos de pão e de paz
Precisamos alimentar o corpo e a alma...
Em bálsamos e nutrientes
E, não se engane.
Pois o acaso não existe.
A fome, a cegueira e a paralisia se cumprimentam
cerimoniosamente.
Brinca a brisa com os desvãos do tempo.
Devaneios atônitos buscam trucidar
Com calma toda a violência cotidiana.
Esmago uma pequena formiga
E dói no peito a ausência de oxigênio,
De afeto, de lágrimas.
Definitivamente desaprendi a chorar,
Agora só me restam as palavras.
Ocas palavras recheadas de símbolos e mitos.
Vestimos símbolos, corrompemos mitos...
E, o minotauro descobre que o labirinto tem fim.
A esfinge busca um cirurgião plástico e se finalmente
se humaniza.
Abandona de vez se lado fera,
E não desafia mais os homens.
Agora travestida de humanidade
Recupera a dose diária de crueldade e enigma.