FIM DO ESPETÁCULO

Apagam-se as luzes

Mas o show ainda seduz

Fecha-se a cortina

Lá fora só neblina

Vão-se embora os atores

Ressoam-se os tambores

Mais um espetáculo termina

Surgem às camareiras da faxina

Breve instante em cena

Mas que a todos alucina

A instabilidade de um átomo

Constrói o mais belo ato

Caminhada nem sempre amena

Fruto de tantos ensaios e dilemas

Ó vida, imaginamo-la quase eterna

E ela é tão rápida, sutil e efêmera

E nessa frívola ilusão nos agarramos

É o preço que todos nós pagamos

Embalados em pérfida cantilena

Sonhamos as utopias dos sentidos

Sem, à realidade, dar ouvidos

Porque esta é a sina dos poetas

Sempre a temer o fim do embate

Lapidam com a alma os seus versos

Sem prever o azar ou esperar a sorte

Quando nos alcançar a própria morte.

Dueto: JL Semeador, & Hildebrando Menezes

Nota: Dueto comemorativo do meu 1.111 poema

editado no Recanto das Letras.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 18/12/2009
Reeditado em 18/12/2009
Código do texto: T1985135