FIM DO ESPETÁCULO
Apagam-se as luzes
Mas o show ainda seduz
Fecha-se a cortina
Lá fora só neblina
Vão-se embora os atores
Ressoam-se os tambores
Mais um espetáculo termina
Surgem às camareiras da faxina
Breve instante em cena
Mas que a todos alucina
A instabilidade de um átomo
Constrói o mais belo ato
Caminhada nem sempre amena
Fruto de tantos ensaios e dilemas
Ó vida, imaginamo-la quase eterna
E ela é tão rápida, sutil e efêmera
E nessa frívola ilusão nos agarramos
É o preço que todos nós pagamos
Embalados em pérfida cantilena
Sonhamos as utopias dos sentidos
Sem, à realidade, dar ouvidos
Porque esta é a sina dos poetas
Sempre a temer o fim do embate
Lapidam com a alma os seus versos
Sem prever o azar ou esperar a sorte
Quando nos alcançar a própria morte.
Dueto: JL Semeador, & Hildebrando Menezes
Nota: Dueto comemorativo do meu 1.111 poema
editado no Recanto das Letras.