Histórias de um louco: Bem vindo ao hospício!

A sanidade já me escapa, como o tempo sobre o qual

Não tenho mais controle, estou vagando pelo espaço

Respirando o ar que foge de minhas mãos, meu corpo

Já não é mais são e minha mente, está em pedaços

Afastem-se, pois tem um louco passando, perigoso

Porque sou capaz de pensar e de questionar, então

Tenho uma arma muito afiada, a carrego em minha

Boca fechada, mais forte do que qualquer espada

Jamais sonhou ser, por isso vos digo, matem-me

Antes que eu condene todos vocês ao pior castigo,

Mostrar o rosto escondido

Cavaleiros brancos estão a me atacar, sem piedade

Em seus cavalos vejo a marca dos chicotes

Já foram um dia selvagens, agora não passam de cavalos

Domados, estão presos aos seus cavaleiros

Que trajam as mais perfeitas armaduras e estão sempre

Pronunciando belas palavras, Besteira! eu vos digo

Não há ninguém que consiga enganar um louco

Porque minha mente não me prega mais peças e

Meus olhos não mais enxergam ilusões, abaixa tua arma

Essa espada verde, eu sei que ela não representa a terra

Luta comigo de igual pra igual, saca o teu punhal!

Só tenho uma condição para a minha pacífica rendição

Mira meus olhos e me diz, que tudo isso é um sonho

E que eu não vou mais acordar

Sedativos me acalmam, meu corpo fica caído

Minha luta perde o seu sentido, e a alma, onde está?

Sons repetitivos são tudo o que escuto e minha visão

Não enxerga nada, o mundo está turvo, estou confuso

Palavras são ditas, mas eu não as entendo, falam

Em uma língua que desaprendi, não sei onde estou

Nem para onde estou indo, sinto-me como todos

Deveriam se sentir, estou perdido e não conheço

O caminho, então deixo que o vento me carregue

Sou apenas mais um pássaro a planar no céu

Assim como tantos outros, não tenho rumo,

Vou apenas seguir a corrente, e deixar que o ar

Leve minha alma para longe

As portas se abrem, revelando-me uma sala

Bem iluminada, porém confusa, consigo sentir

Um cheiro doce de algum perfume barato, mas logo

Sou atirado como um rato, amarrado, dentro de uma

Cela acolchoada, para que eu durma meu sono

Eterno, sonhando com meu próprio mundo

Estou preso, castraram-me a liberdade, mas isso

Não me importa, porque eu nunca a tive de verdade

Sou apenas mais um louco no hospício

Considerado louco por não ser capaz de rir

Da desgraça, fui julgado maluco por sonhar

Se isso é loucura, então louco eu hei de estar

Até o fim dos meus dias, quando for necessário

Acordar, não me acorde.

Magno Quirino
Enviado por Magno Quirino em 16/12/2009
Código do texto: T1981989
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