IMPOSSIBILIDADE
Pedras no caminho
bloqueando, insensíves
meu andar
impedindo minha vontade
de prosseguir.
Endurecidas
machucando os pés
penetrando nos dedos
atingindo o corpo.
Esgotamento do cérebro
que pelo vão esforço
quase enlouquece.
Como enfrentar o paredão
sólido que machuca
a alma?
Dou cabeçadas
na parede grossa
empurro além das minhas forças.
Sangram as mãos.
É um trabalho de Hércules
e fico aqui, sem nada
a fazer.
Me frustro.
Se empurro, empurro
me corto, sangro
desmorono.
Imploro a luz
por uma rachadura apenas
na dureza
que impede meu seguir.
Soluço ao vento
que me ajude
aumentando minhas forças.
E impedida
sem ânimo
esforço esgotado
desânimo na mente.
Me sinto aniquilada
frente ao paredão
e desisto.
Vou ficar aqui caída
vou aceitar o impossível
e ficar entregue
ao inacreditável
ao não ter forças
para virar o jogo.
Nem tudo o que se quer
vem
e pequenas mortes fazem
feridas no espírito.
As rachaduras adquiridas
em meu ego
introjetam
e transformam o inconsciente
num mosaico
embotando
minha capacidade de prosseguir
minando minha energia.