SOMBRAS

De vez em quando,
Fico perambulando,
No disse não disse,
No sem preço,
Da minha mesmice,
O eu vira do avesso,
Deseja voltar ao começo,
Dos sonhos, dos frutos,
das flores,
Agir absoluto,
Reformular valores,
Reorganizar os passos,
Superar o cansaço,
Das horas inquietas.
De vez em quando,
O coração aperta,
E eu fico ruminando,
As coisas do passado,
Ensimesmado,
Ego revoltado,
Por algo que eu poderia,
Ter feito, por mim, por você,
Pelo bem que eu quis,
Pelos rumos do país,
Mas, não sei por que,
Não fiz,
Nem mesmo uma poesia,
Solidária aos ais,
Das viúvas sindicais,
Ao desenredo,
De uma geração,
Foi tecida,
Num papel de pão.
Vencido pelo medo
Hoje, fragmentado,
Me vejo recolhido,
Ao porão da vida,
Tudo sem sentido,
Nexo envolvido,
Por uma balada perdida.