ESSAS COISAS DA ALMA

Necessidade tamanha,
De rasgar o manto,
Incendiar a realidade,
Desnudar o eu santo,
Exibir toda a fragilidade,
De suas entranhas,
Ignorar o destino,
O medo do pecado,
Do castigo divino,
A eterna sensação,
De ser velado.
Necessidade de abalar,
As estruturas,
Convidar a loucura,
Para uma longa caminhada,
Alma despreocupada,
Sem termo - sem lugar,
Mudar o comportamento,
Crer na possibilidade,
De um mágico momento.
Necessidade de espalhar,
O cinza - a fumaça,
Ser todo canto,
O olhar de espanto,
Ante a força da poesia,
Ser o fermento,
Que envolve a massa,
O constante movimento,
A fascinação,
A absoluta ousadia,
Abrir com encanto,
Um claro na escuridão.
Necessidade de encontrar,
Pontos de fuga,
De tirar as pulgas,
De trás da orelha,
Os caroços debaixo do angu,
De beijar sua boca vermelha,
Te amar sem censura,
Multiplicar as centelhas,
Do seu corpo nu,
Ser iluminado,
Asoluto esplendor,
Habitar na sua ternura,
Totalmente desarmado,
Ser dominado,
Pelo seu amor.
...
Nada digo - nada faço,
Apenas abraço,
Os egos oprimidos,
Retomo a rotina,
Dos meus sentidos,
E em meio às ruínas,
Me desfaço.