Sinhá-poesia
Aconteço de existir em vão
Pro(penso) à moral desiludida
Vou, no vôo sinfônico da razão
enquanto cantas "solita" minha vida.
Tom argentino da rouca voz
que tens da desgraça porventura
de mim és dona poesia algoz
e minh'alma embrenha à loucura.
Tua rima teu prazer e teu escárnio
rouba a cena e minha vida dita-regra
entorpece minha sede; burla o meu crânio
e vomita as palavras e segrega.
Meu viver sob vossa sala
sou cativo embranquecido
Nas entranhas da tua senzala
me faz poeta e me deixa esquecido.