Sinhá-poesia

Aconteço de existir em vão

Pro(penso) à moral desiludida

Vou, no vôo sinfônico da razão

enquanto cantas "solita" minha vida.

Tom argentino da rouca voz

que tens da desgraça porventura

de mim és dona poesia algoz

e minh'alma embrenha à loucura.

Tua rima teu prazer e teu escárnio

rouba a cena e minha vida dita-regra

entorpece minha sede; burla o meu crânio

e vomita as palavras e segrega.

Meu viver sob vossa sala

sou cativo embranquecido

Nas entranhas da tua senzala

me faz poeta e me deixa esquecido.

Silva Neto
Enviado por Silva Neto em 18/07/2006
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