FINAL DO ATO
A vida corria lá fora
E dentro do peito explodia
Uma saudade desmedida,
Uma angústia ilimitada
Que rasgava as entranhas,
E em sangue se esvaia.
O corpo, sem mais estímulo,
Quedava-se num canto
Os olhos que outrora brilhavam
Cobriam-se de uma cortina de pranto.
O sorriso, ah o sorriso escancarado,
Que tantas vezes emoldurou seu rosto,
Escondeu-se, na face contorcida de dor.
As mãos, que sempre foram aquecidas pela paixão,
Estavam trêmulas e gélidas, sem ação.
O coração, que comandou todas as boas e más ações,
Cansou-se e resolveu parar.
Sem verdadeiras ou falsas ilusões.
Embora uma ponta de razão (?)
Insistisse em continuar, ainda querendo amar...
Final do ato. Singelos aplausos! Para quem?
Fecharam-se as cortinas da alma,
Apagaram-se as luzes do palco,
E a personagem, como num passe de mágica, desapareceu!