UM DIA DE LUCIDEZ

Com lúcida ousadia,
Adentrou no senado,
Quebrou a ordem do dia,
Declarou pausado,
Os direitos humanos,
Enalteceu o amor,
Acendeu uma vela,
Para o protetor,
De todos os parlamentares,
Pediu perdão pelos desenganos,
Perdoou-os por tantos danos,
Por tantos pesares,
Pelo mau uso do cofre público,
Incorporou o eu lírico,
Cantou à capela,
“tomara meu Deus tomara,
Uma nação solidária”,
“Brasil mostra a sua cara...”,
Dobrou os joelhos,
Sobre o tapete vermelho,
Esperou calado,
A chegada dos seguranças,
Foi retirado,
Sem qualquer nuança,
Do soberano recinto,
Mas, depois do tenho dito,
Sentiu uma leveza,
Na alma louca - solitária,
Teve a absurda certeza;
Atravessar a correnteza,
Atingir o infinito,
Sair de vez desse labirinto.