Não Gosto de Praia...

não gosto de praia

da praia infestada

de vazio humano

tal praia

é a profanação do mar

o que busco

é o oculto da sanga

entre o escuro do mato

como é escuro e oculto

o destino do meu olhar

com o que restou

do sopro livre de minha alma

quero o que restou

do vento livre destes campos:

o meu peito que nada espera

busca os capões brabos

peraus de cobras

onde há mosquitos

da febre amarela

há muito as febres me consomem

que eu só sou vacinado

contra o homem

e meu coração é uma tapera

quero me sumir pelos banhados

com os mistérios

que em mim somem

liberto de tudo que vi

quero me perder

por entre sapos

louco e bem longe de ti

até que se forme

a ventania em mim...

cumprir-se-á então

o que já está cumprido

do começo ao fim

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Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 03/12/2009
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