Não Gosto de Praia...
não gosto de praia
da praia infestada
de vazio humano
tal praia
é a profanação do mar
o que busco
é o oculto da sanga
entre o escuro do mato
como é escuro e oculto
o destino do meu olhar
com o que restou
do sopro livre de minha alma
quero o que restou
do vento livre destes campos:
o meu peito que nada espera
busca os capões brabos
peraus de cobras
onde há mosquitos
da febre amarela
há muito as febres me consomem
que eu só sou vacinado
contra o homem
e meu coração é uma tapera
quero me sumir pelos banhados
com os mistérios
que em mim somem
liberto de tudo que vi
quero me perder
por entre sapos
louco e bem longe de ti
até que se forme
a ventania em mim...
cumprir-se-á então
o que já está cumprido
do começo ao fim
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