Ficar
Minhas roupas fedem,
Meus poros exalam este fedor,
Minha boca sangra.
Tenho ancia, nojo de mim!
Asco! Enojo-me!
Não me toques; meu corpo grita;
Não me amas! Grita meu coração;
Não me beijes com esta boca nojenta,
Não me acaricie com esta mentira:
Repudio-te! Repudio-me!
Este gosto sem sabor não sai de minha boca,
Esta pálida face de mim, não me sai do pensamento.
É esdrúxulo querer ser quem não se é?
Sou criatura solitária e nojenta, diga-me isso!
Não mereço a mim, não mereço quem sou.
Bata-me, arranhe-me, trate-me como trapo.
Olhe no vazio de meus olhos, veja o vazio em mim!
Escarre dentro de minha boca;
É isso que sou, teu objeto esta noite.
Não me amas, não te amo.
...Não mereço isso de mim,
Deixe-me a sós!
Pare de fingir que está tudo bem,
Não sou comos os outros homens.
Ou será que sou?
Sou homem, que diferença há nisso?