Voz alguma
quando quero falar, me calam!
quando me calo, é porque não falei
quando berro: cala-a-boca,
que eu ainda não terminei
o silêncio é escuro
minha voz tá muito fraca
meu grito é um sussurro
quero ser a voz que mata de uma matraca
se fico tagarela,
minha consciência gela
debruço-me na janela
e fico com um nó em minha goela
choro de noite no escuro
engulo a seco um grande berro
não ronco nem murmuro
e o meu erro... é, às vezes erro!
sons da vizinhança
nenhuma esperança
choro de qualquer criança
lembrei daquela trança
solidão que não descansa
e a vida dança
e a vida dança
e a vida dança
e a vida da vizinhança
e a vida da esperança
e a vida da criança
e a vida daquela trança
e a vida que não descansa
e a vida dança
e a vida dança
e a vida dança
Dênis Goyos