O Crente e o Macumbeiro
O Crente e o Macumbeiro
(Alex Louzada)
Não sou muito simpático
No terreiro ou na igreja o santo baixo
Pra que ele guie seus passos
Mesmo que pra isso você precise, fazer um pacto
Oxalá, Ogum, Exú
Seja pro seu Deus comum
Seu mestre pode ser Jesus, Gautama, Lúcifer, Zebu
E seu preconceito só mais um
Não me venha com zum zum zum
Nesses versos incomuns
Rogarei o seu sufrágio
Perdoe mestre os meus pecados
Não procuro mal nenhum
Nem quero deixar rastro
Para que o mestre das trevas, ou das luzes, não me venha dizer
Que errei porque fui falho
Não sei se sou mestre ou só escravo
Só sei que estou apto a receber, aquilo que me foi promulgado
Pela incompetência alheia aos fatos
Por isso lhe peço perdão
Cale-se na sua ignorância
Ouça a minha dissonância
E me fale do seu bem amado
Pois se ele não for o holocausto será:
A leveza dos seus pés no asfalto
Isso aqui não sou eu
Não sou ateu, acredito em Deus
Mas se você não acredita, tudo em cima!
Vamos fazer assim: cada um na sua
Eu vou pra igreja e você pro seu centro de macumba
E estamos conversados, sem erro
Um dia você faz uma visita a minha igreja
E eu vou no seu terreiro no centro
E os dois saíram dali conversados
Deixando toda e qualquer desavenças de lado.