Réplica de Fenaceol
Provindo em almas d’alento clementes
Que em fuga ao concreto, doentes,
Deslocaram do finito o mol.
Sou o lítico ciclo incolor,
Do mundo, criação e criador
Onipresente. Sou Fenaceol.
Fui o folículo, e vos garanto
Que não sigam da mórula o canto,
Que ainda inerte o tempo rege.
A priori no espaço, não puderas
Sair da esfera outras mais esferas
Maiores que a q’outrora submerge.
Sou, da reles mudança, o cabresto,
Da mãe o pai que impede o incesto,
Da mão o gládio que rompe as vendas.
Sou quem gera, em permuta ao tempo,
Milhões de surdos e um só lamento,
Um só lamento e milhões contendas.
Uso força por consentimento próprio,
A fé, é viscerada pelo ópio,
Maior proclamador desta batalha.
Guerra e paz: Antagonias? Asneira!
A outra é o apresto da primeira!
O branco é reflexo da navalha.
Desfecho: Sou, pois, dramin ao porvir,
Ralo ao condricte a imergir,
Tundra aos que almejam o inferno.
Sê tu também, qual Kimura em guarda,
Pólvora, gatilho e espingarda,
Clavícula, costela e esterno.
Vês: Inexiste o maniqueísmo,
Veio do mal o bem por silogismo,
A margem cria próprio oposto.
É plano o mundo em que nascemos,
Deformado aos olhos com que vemos
Por temor de ao nada dar encosto.
Vês: A visão é a eterna farsa,
É do real a cegueira a barsa,
Tanto física e ideológica.
A pupila, em junta ao axônio,
Da sobrevisão faz, pois o hormônio
Da incerteza antes axiológica.
Vês: É tempo de erguer o cajado,
De orar aos céus o que não foi orado
E de solidificar o presente.
É tempo de consolidação sublime,
Da esperança transformada em crime,
Seja na úvula, seja na mente.
É tempo de encurtar a coleira,
De postar ao segundo a primeira,
De à ferida mostrar o fenol.
É tempo do tambor se ver ouvido,
É tempo de oprimir o oprimido,
Tempo eterno de Fenaceol.