MOMENTOS

Porque sou mistura,
Do não e do sim,
Porque não caibo em mim,
Porque minha alma emoldura,
A lucidez e a loucura,
Porque a costura,
Do meu corte,
Não tem sul, nem norte,
Porque ando devagar,
Sem atropelar,
A utopia,
Porque recolho poesia,
Das coisas singelas,
Porque abro a janela,
E sinto o toque,
Afinado da emoção,
Porque como Maiakóvski,
“Sou todo coração”,
Comigo também,
A anatomia não tem vez,
Porque brinco com as gravuras,
Formadas pelas nuvens,
Atravesso as estruturas,
E tento unir paralelas,
Em meio a tantos porquês,
Porque a vida é incerta,
Repleta de mistérios,
O meu eu poeta,
Torna todos os momentos,
Transparentes - etéreos.